Marcelo Jabulas | @mjabulas – “Wolfenstein 3D” completa 30 anos de sua publicação nesta quinta-feira (5). O game chegou em 1992 e foi a produção que colocou a id Software nos holofotes da indústria de jogos, transformou John Romero e John Carmack em celebridades e consolidou o gênero FPS.
A primeira vez que joguei “Wolfenstein 3D” foi em 1993. Antes disso, já tinha ouvido falar de um jogo de computador que se passava num castelo e era possível comer ração de cachorro.
De fato tudo isso era verdade. “Wolfenstein 3D” foi inspirado em “Castle Wolfenstein”, game de Apple II, lançado em 1981 pela Muse. O título original tinha gráficos modernos para o início dos anos 1980, com visão Top View e uma grande variedade de ações.
Nele, o jogador deveria fugir da fortificação nazista. Já no game Carmack, Romero e Tom Hall, a proposta era parecida, mas o foco do game era o tiroteio.
Blazkowicz
Nesse game, o jogador assumia o papel de William Joseph “BJ” Blazkowicz. O soldado durão que encarou os nazistas literalmente com sangue nos olhos. No painel de informações foi adicionado a carinha do personagem que se feria quando o jogador era atingido.
O game também oferece exploração. Ela fica a cargo da necessidade de fugir da fortaleza alemã, além de encontrar um caminho para enfrentar Adolf Hitler. No game, o Fuhrer aparece com metralhadoras giratórias e até mesmo numa forma robotizada.
Em pedaços
O game é dividido em vários capítulos. Naquela época, a id vendia o game em partes, e enviava pelos correios. Cada pedaço era enviado em disquete, pelos correios. Mas isso era nos Estados Unidos.
Por aqui, o game se multiplicava em cópias ilegais. Os produtores inseriam senhas e ferramentas para coibir a distribuição ilegal, mas já naquela época já rolavam programinhas que quebravam as senhas.
Gráficos de Wolfenstein
“Wolfenstein 3D” era um game inovador. Naquela época a grande maioria dos jogos de consoles eram do tipo plataforma 2D, como “Super Mario Bros”, “Contra” e “Sonic”.
Já os games de computadores, com seus gráficos poligonais, muitas vezes exigiam imaginação e boa vontade para entender o que se passava na tela. Mas “Wolfenstein 3D” unia a movimentação dos jogos de PC com cores e detalhes das produções para consoles.
O game ainda contava com suporte para placas de som, como Sound Blaster. Mas naquela época, poucas eram as máquinas com o recurso agregado. E mesmo no beep do gabinete, dava para se divertir.
Sequências
Não é preciso dizer que o game se tornou um fenômeno. No mesmo ano, a id publicou “Spear of Destiny”, sequência direta do game original, que explora elementos sobrenaturais como a bíblica Lança do Destino, que segundo a Bíblia foi utilizada por um soldado romano para golpear Jesus Cristo, já na Cruz.
O misticismo, a partir daí, passou a ser figurinha carimbada na franquia. Em “Return to Castle Wolfenstein”, de 2001, a história tinha como pano de fundo as armas paranormais que os nazis pesquisavam. Eles buscavam rastros de um cavaleiro medieval com poderes sobrenaturais.
Em 2009, “Wolfenstein” também trazia mundos paralelos e armas psíquicas. Criaturas demoníacas, dentre outros elementos metafísicos foram incorporados à trama.
Reboot
O viés tecnológico do game de 1992 só retornou em 2014, com “Wolfenstein: The New Order”, já sob o comando da Bethesda. Nesse game Blazkowicz vivencia a ascensão do nazismo. O game se passa na década de 1960, com o Fuhrer e sua turma mandando no mundo.
O game trazia gráficos modernos e uma grande variedade de armas, com direito ao uso de duas pistolas ao mesmo tempo. Também era possível modificar as metrancas.
Um ano depois, chegou “Old Blood”, que era um remake do jogo de 1992. O game mostra como Blazko foi capturado pela SS e foi aprisionado no Castelo Wolfenstein.
Já em 2017, foi lançado “Wolfenstein II: The New Colossus”, em que BJ, em frangalhos, retorna aos Estados Unidos para conter a dominação do Eixo em solo norte-americano. O game impressiona pelo enredo e pela adição de personagens fortes.
E por fim, em 2019, “Youngblood” completa a saga, num game cooperativo, em que Blazko desaparece e suas filhas iniciam a busca pelo pai no que restou de Paris.
O game trouxe inovações como a opção de exploração não-linear, missões paralelas e demais elementos de RPG para entregar algo além de tiro, porrada e bomba.
Assim, depois de 30 anos, várias continuações e edições para diferentes consoles e até telefones, “Wolfenstein 3D” segue surpreendente e inovador, mesmo cabendo numa meia dúzia de disquetes.
Vida longa a Blazkowicz.