Marcelo Iglesias

Críticas sobre a falta de criatividade na indústria de games são constantes, uma vez que muitos títulos se resumem a meras atualizações gráficas de jogos anteriores. Jogabilidade manjada e comandos repetidos a exaustam chegam a ser um desrespeito com o consumidor que paga caro por um produto vendido como novidade. E quando se deparam com produções quase caseiras como o divertidíssimo Fat Princess encontram uma espécie de redenção às repetições constantes do setor. E um game que merece destaque é I Am Alive, desenvolvido pela Ubisoft Changai, que coloca o jogador em uma situação de extremo realismo, pelo menos no que diz à resistência humana. E é por isso que o game entrou na seleção Top Jogos PS3 do Gamecoin.

Apesar de ter sido recebido com ressalvas por parte da crítica, o game contam com recursos de jogabilidade inovadores, mesmo que recorra a elementos de produções que vão do survival horror aos jogos de ação 3D. O jogador assume a pele de Adam Collins, sobrevivente de uma terremoto de proporções épicas que devasta boa parte dos Estados Unidos.

A missão de Collins que é registrada em uma pequena filmadora se resume a reencontrar sua família após quase um ano de separação devido a hecatombe. Sem combates intensos, acrobacias, perseguições e transações comerciais, o game se destaca por expor a fragilidade humana diante do caos, tanto mentalmente quanto fisicamente.

Apesar de ter elementos que remetam às produções da casa como Prince of Persia: Forgotten Sands e Splinter Cell: Conviction, o game insere o jogador em uma trama que não permite nenhum tipo de desempenho além das limitações do ser humano. O personagem conta com duas barras, uma de resistência e outra de saúde. A primeira se esgota rapidamente toda vez que Collins precisa realizar um tipo de atividade física extrema como escalar um escombro, correr ou se dependurar em sobras de construções. Quando chega ao fim, o jogador é penalizado já que o comprimento da barra se encolhe, fazendo com que sua resistência seja reduzida drasticamente. Já a barra de saúde não suporta mais que dois golpes de facão ou um tiro para levar o personagem à morte. Ou seja, é um game em que se precisa pensar duas vezes antes de tomar qualquer tipo de decisão.

Ecasses total e desespero

Quem assistiu ao longa-metragem O Livro de Ely irá se familiarizar com a ambientação. O visual acinzentado dá uma sensação de secura e poeira à trama. E a sujeira não é só figuração. O jogador deve evitar a todo custo lugares com muito pó, pois a poeira drena a resistência do personagem.

Encontrar qualquer coisa útil no game é uma raridade. Água, analgésicos, munição e comida enlatada é são raridades que exigem atenção do jogador. Afinal, a catástrofe já aconteceu há quase um ano e todos os recursos praticamente se esgotaram. O menu do inventário, assim como o mapa foram praticamente clonados de alguns dos episódios da série de terror Silent Hill, da Konami, mas que são úteis e não desabonam a produção como um todo.

As lutas em I Am Alive beirão aos jogos de estratégia. As ruínas são repletas de sobreviventes que formaram bandos de moribundos. E eles que não querem saber de ninguém rondando suas sobras de civilização. Assim como o Collins, eles se defendem com facas e os mais afortunados contam com pistolas quase sem munição. Enfrentar esses bandidos exige um certo raciocínio em que é preciso eliminar o oponente que tem arma de fogo antes dos demais com armas brancas. Pode parecer banal, para quem se acostumou com títulos de ação, mas nesse game uma briga malsucedida pode levar o jogador a ter que reiniciar a partida. Muitas vezes o melhor é afinar e sair de fininho. E uma dica, nem tente correr ou apontar uma arma descarregada, pois seus inimigos irão vir com tudo.

I Am Alive é um game disponível apenas para PC, PlayStation 3 e Xbox 360 via download. Na PSN seu preço gira em torno dos R$ 30, às vezes é inserido em promoções com descontos generosos. Mesmo com o preço cheio, é investimento barato se comparado aos valores absurdos cobrados pela maioria dos games vendidos no país.

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