Marcelo Jabulas | @mjabulas – Os anos 1990 foram o apogeu do videogame. Incontáveis gêneros emergiram a partir daquele período. Entre eles os games de luta, que ganharam formato que se mantém até hoje. E quem tentou reinventar a roda se deu muito mal.
Não é surpresa para ninguém que “Street Fighter II” foi o jogo que definiu as regras pétreas dos games de luta. Barra de energia, cronômetro, progressão de campanha, assim como a estética em que o lutador se destacava no cenário. O game era uma evolução gritante do primeiro título, de 1997.
A SNK, que disputava o mercado de fliperamas com a Capcom, logo viu que o caminho dos games de luta deveria seguir a onda “SF”. E pouco meses depois, ainda em 1991, ela lançou “Fatal Fury: King of Fighters”, que colocava o jogador no comando dos irmãos Andy e Terry Bogard, assim como o lutador de boxe tailandês, Joe Higashi.
Apesar do sucesso, a dona do Neo Geo viu que poderia investir em mais títulos de luta como “Art of Fighting” e “Samurai Shodow”. Enquanto isso, a Capcom apresentava novas edições de “Street”.
Mas o grande trunfo da SNK foi apresentado em 1994, batizado de “The King of Fighters 94”, ou simplesmente “KOF”. O game elencava lutadores de “Fatal Fury” e “Art of Fighting”, além de games que não eram de luta como “Ikari Warriors” e “Psycho Soldier”.
“KOF” se tornou um tsunami com versões para uma infinidade de consoles, assim como edições quase que anuais. Agora estreia no PS4 “”. Trata-se de uma edição com nada menos que 66 lutadores.
O jogo
Já fazia um bom tempo que não jogava “KOF”. Apesar de ter a edição 98 para PS2, mal lembrava dos golpes dos poucos personagens que tinha hábito de jogar nos fliperamas. O senso comum sempre manda escolher Terry Bogard. Afinal, seus golpes são muito parecidos com os da dupla Ryu e Ken, de “SF II”.
Mas vale a pena fazer uma rodada de “degustação” dos demais personagens. E o segredo é aplicar tudo que você se lembra de jogos de luta. Aqueles comandos de meia lua pra frente, para baixo, para cima, pra frente duas vezes, pra baixo e frente, para baixo e atrás, para frente e para trás. Teste tudo, com soco e chutes, algum golpe irá encaixar.
Um dos modos mais legais é o Endless em que o jogador tem um round apenas. É um modo mais dinâmico para lutar com a enorme lista de personagens.
Nesse modo é possível escolher a opção de lutador aleatório. E quando se vence, seu lutador é trocado por outro. O mais legal é que se o jogador apanhar muito na primeira luta, apenas uma parte do sangue estará disponível na seguinte.
É uma maneira legal de testar lutadores que habitualmente a gente nunca escolhe. E se o amigo perder o round, fim de jogo.
Para quem não tiver como jogar com amigos presencialmente, devido à pandemia do Covid-19, é possível jogar online. Mas é bom treinar antes, pois a turma que joga em rede não costuma ser piedosa.
Visual
O estilo gráfico de “The King of Fighters 2002 Unlimited Match” segue o padrão de duas décadas atrás. No entanto, foi feito um trabalho para refinar as animações, filtros foram aplicados para reduzir serrilhados. O resultado é saudosista. Os pixels pontilhados têm aquele charme da velha guarda dos games.
No entanto, chama atenção a superioridade que os games SNK sobre as demais produtoras. Há 25 anos a resolução dos televisores, tanto das máquinas de fliperama, como nos televisores, quando se ligava console Neo Geo, ocultavam o refinamento do poderoso hardware japonês. Agora, mesmo com os pixels graúdos, é possível perceber a riqueza de movimentos e elementos móveis.
Palavra final
Jogar “KOF” novamente foi uma viagem no tempo. Na época em que rolava uma disputa de qual game de luta era melhor. Tinha o cara que mandava bem em “KOF” e aquele que era viciado em “Street”.
“The King of Fighters 2002 Unlimited Match” está disponível na PSN por R$ 75.