Marcelo Jabulas | @mjabulas – “Street Fighter” completou 35 anos nesta sexta-feira (12). Longe de ser o melhor jogo da franquia, o primeiro “SF” foi o estopim desse foguete que levou a Capcom ao Olimpo dos jogos de arcade.
Quem acompanha o GameCoin já deve ter cansado de ler que a lógica dos games dos anos 1980 era bem parecida com as máquinas de caça-níquel. O jogador deveria ser estimulado a depositar fichas e mais fichas na máquina. Ao invés de ganhar algumas moedas ou um monte delas, ele era congratulado com a vitória no jogo.
CONFIRA AQUI:
- 30 anos jogando Street Fighter II sem parar
- Vale a pena apostar em Street Fighter V
- Meus 25 anos com Street Fighter II
E para fazer com que o volume de fichas depositadas fosse alto e garantisse a rentabilidade da casa de jogos e consequentemente o interesse por aquisição de novas máquinas, os jogos deveriam ser difíceis. E foi nessa lógica que “Street Fighter” foi lançado em 1987.
Mas a Capcom adicionou um elemento que fazia com que a rentabilidade do jogo pudesse ser ainda maior. Ao invés de depositar a ficha de um jogador apenas, ele permitia uma segunda ficha, de um outro jogador que iria duelar.
Assim, sem precisar de um game extenso com múltiplas fases, com o risco de o jogador perder o interesse ao finalizar, em “Street Fighter” era possível manter duelos constantes entre os jogadores. Mas essa receita só explodiria pra valer em 1991, com “Street Figheter II”, mas é outra história.
Street Fighter
Desenhado por Takashi Nishiyama e Hiroshi Matsumoto, “Street Fighter” é um game de luta em que jogador deve vencer 10 lutadores controlados pela máquina para chegar aos créditos. No entanto, ele introduzia a possiblidade de dois jogadores duelarem.
Nishiyama já tinha desenhado “Kung-Fu Master”, que é considerado o pai do gênero Beat ‘em up (jogo de pancadaria estilo “Final Fight”). Para “SF”, ele basicamente removeu a parte em que jogador percorria o cenário lutando contra inimigos mais simples e concentrou as batalhas contra os chefes de fase.
O designer criou um protagonista, Ryu. Esse mestre nas artes marciais é capaz de aplicar os tradicionais golpes especiais como Hadoken, Shoryuken e o Hurrican Kick, que em japonês se diz Tatsumaki Senpū Kyaku, que a gente conhece como o bom e velho “tchepe-tchepe-thuguen”, na forma mais fonética possível.
Mas como um segundo jogador poderia entrar na partida, os produtores desenvolveram o personagem Ken Masters, que igual ao Ryu, mas com quimono vermelho e cabelo loiro. Um é japonês e outro norte-americano, afinal a Capcom tinha sua divisão nos Estados Unidos e um personagem local seria fundamental cativar o público.
Jogabilidade e gráficos
Se “Street Fighter II” é um que qualquer pessoa consegue jogar naturalmente mesmo depois depois de 30 anos, com o o primeiro “SF” a banda tocava diferente. A jogabilidade é ruim, a movimentação limitada. meia-lua e soco não garantia de Hadoken. Visualmente o game também é bastante limitado. Tem seu charme, mas longe do dinamismo e das cores de seu sucessor.
O game fez relativo sucesso, mas não a ponto de a Capcom querer um sucessor imediato. A produtora voltou a focar em games de estilo Beat ‘em up, como “Final Fight, de 1989, e títulos para consoles, com franquias como “Mega Man”.
Mas não se pode negar que mesmo rústico, “Street Fighter” foi a centelha para um gênero que se tornaria dominante segmento de fliperamas e que até hoje faz sucesso. Afinal, quem resiste a uma máquina de “Street”?