Marcelo Jabulas | @mjabulas – Não parece, mas “Max Payne” já tem 20 anos de estrada. Lançado em 23 de julho de 2001, o game policial trouxe uma abordagem violenta e ao mesmo tempo romântica de como fazer um bom game de tiro em terceira pessoa (TPS). Desenvolvido para PC, pela Remedy Entertainment e publicado pela Gathering of Developers, não demorou para o jogo cair nas graças da Rockstar Games, que adaptou o título para várias plataformas, até para o inocente Game Boy Advance.
E a razão era simples, “Max Payne” é um game perturbador, que envolve tragédia pessoal, com crime organizado e todo chorume da civilização, numa história narrada por um homem que não tem nada a perder. Era a lista de ingredientes que a Rockstar seguiria a partir de “Grand Theft III”, lançado em agosto de 2001.
Com elementos cinemáticos e um clássico enredo de folhetim, o calvário do detetive Payne foi tão bem construído que ganhou uma adaptação para o cinema em 2008, estrelada por Mark Wahlberg, mas sem o mesmo vigor do próprio jogo. Não se trata de um filme ruim, mas quem conhece a trama de Max sabe que a adaptação deixa pontas soltas.
A História
O game conta a história do policial Max Payne, que teve sua família brutalmente assassinada por viciados. Depois de largar a corporação, ele passa a trabalhar como agente infiltrado no tráfico de Valkyr, uma droga sintética com efeitos alucinógenos.
O problema é que Max se envolve numa tentativa de roubo a banco, que acaba com a morte de um de seus colegas. Depois de frustrar a ação criminosa, o protagonista passa a ser perseguido pela máfia e também pela polícia.
Entre as cenas de ação, o game é narrado pelo ator James McCaffrey, em interseções com estilo de revista em quadrinho. O recurso foi a solução para a limitação técnica de captar o movimento do rosto dos atores.
O jogo
“Max Payne” trouxe elementos interessantes que contribuíram para a indústria de games. Depois de “Tomb Raider” (1996), ele foi um dos títulos que melhor explorou o gênero de tiro em terceira pessoa. Assim como um game de tiro em primeira pessoa (FPS), o jogador poderia ter visão tridimensional em 360 graus. A diferença estava em como sincronizar o personagem e dar a ele uma movimentação realista.
Comparado com os games atuais, o game pode soar rudimentar, mas há 20 anos, quando o apogeu da tecnologia em consoles domésticos era o PS2 e o processador Intel Pentium 4 representava o nirvana dos PCs, “Max Payne” era uma obra de arte.
Assim, o jogador poderia se movimentar para onde o nariz apontasse num ambiente com cenários bem construídos e com proporções realistas. Sem contar que o game introduziu uma série de animações, não apenas entre uma fase ou outra, mas durante o gameplay. Em algumas execuções, a ação dá uma pausa para mostrar o inimigo ser alvejado em câmera lenta.
E por falar nisso, o game também adiciona o efeito Bullet Time. Um recurso que permite que o jogador coloque o jogo temporariamente e câmera lenta para disparar contra seus adversários. Lembra aquele efeito dos tiros de “Matrix” (1999)? É isso.
Jogabilidade de Max Payne
Em termos de jogabilidade, “Max Payne” é um game simples e de fácil adaptação. Quando ele foi desenvolvido, a lógica já era combinar teclado e mouse (como acontece até hoje). Assim, movimentos com a teclas W,A,S,D, mira e disparos com o mouse. Nas adaptações para PS2 e Xbox (original), os analógicos assumiram as funções dos periféricos.
No entanto, é bom avisar que a sensibilidade das alavancas do joystick fazem com que a trajetória seja pouco precisa, ainda mais quando o jogador precisa atravessar por vigas e tubulações. No teclado bastava pressionar W e deixar que Max exibisse suas habilidades circenses.
Como um bom jogo de tiro, o game oferece um pacote farto de armas. Pistolas, escopeta e submetralhadora fazem parte do arsenal. Tacos, granadas e coquetéis molotovs também ajudam na saga de Payne. O jogador também pode empunhar duas Berettas ou duas Ingram ao mesmo tempo. Aí é só puxar o gatilho e deixar que as balas façam o seu trabalho.
Ampulheta e analgésicos
Como já foi dito, o game oferece a função Bullet Time, que coloca a cena em câmera lenta. Para utilizar o recurso, o jogador conta com uma ampulheta que se enche com os inimigos abatidos. Outro recurso é o analgésico. O jogador pode carregar até oito frascos. Cada um é capaz de restaurar até 30% da vida do jogador.
Sequências
“Max Payne” teve recepção muito positiva, o que rendeu duas sequências. O segundo game chegou ao mercado em 2003. “Max Payne 2: The Fall of Max Payne” centra a trama na relação entre Max e Mona Sax, uma das personagens chave do primeiro game. Nesse título, o jogador assume o controle da matadora de aluguel.
Já o terceiro título chegou em maio de 2012. Nessa aventura, Max se torna um homem devastado e passa a trabalhar como segurança, de um figurão em São Paulo. Com enredo que lembra “Chamas da Vingança” (2004), o game prima pela qualidade gráfica, mas peca pela caracterização “carioca” de São Paulo.
Palavra final
Depois de 20 anos, “Max Payne” ainda é um game que merece ser jogado. Apesar de visualmente aparentar tosco, em comparação com os gráficos atuais, o game mostra como os jogos de tiro evoluíram nas últimas duas décadas, mas que sua essência segue a mesma.
Hoje, ainda é possível encontrar o game na Steam (R$ 15) ou a versão de PS2, convertida para PlayStation 4 por R$ 48, via PSN. A julgar pelos valores, não é preciso dizer qual é a melhor opção, ainda mais que a edição para PC conta com gráficos melhores que na edição do veterano da Sony.