Marcelo Iglesias | Redação GameCoin
Nos meus quase 38 anos completados, é fato que os games fazem parte da minha vida há nada menos que 34 anos e 18 deles numa relação de amor com Gran Turismo. A razão pelo fascínio pelo game de corridas da Polyphony Digital se dá por meu tesão por carros. Tara que me acompanha desde a infância e me motivou a estudar mecânica no ensino médio e depois me formar em jornalismo só para trabalhar na cobertura automotiva. Deu certo e uma coisa alimenta a outra até hoje.
O que é legal em Gran Turismo é que muito do que se pode fazer na realidade pode ser reproduzido no game. Quando se aplica a forma correta de entrar e sair de uma curva, assim como os tempos de troca de marcha, punta taco e outras situações de pista no jogo o desempenho é superior, o que mostra que Gran Turismo, apesar de suas limitações gráficas, não ter danos pra valer, oferece uma simulação bastante realista. E para quem gosta de carros, o game é uma espécie de cachaça. Gran Turismo está para mim assim como o álbum “Made in Japan” do Deep Purple está entre meus discos favoritos.
Antes de mais nada, quero deixar claro que não sou fan boy de Gran Turismo ou PlayStation, longe disso! Gosto de jogar Forza, Top Gear, Project Cars, Mario Kart, Enduro, Daytona USA, Sega Rally, DiRT, GRiD e aquela porcaria do Need For Speed, só porque tem Porsche, só por isso! Mas admito que The Need For Speed (1994), NFS Pro Street, Porsche Unleashed, Shift e Shift 2 são ótimos, já o resto…
Eu e Gran Turismo, GT e eu!
Meu primeiro contato com GT foi em 1998, quando meu primo Matheus, vulgo Nonato, ganhou um PS One. Daquela pilha de CDs, no qual continha uma cópia de Final Fantasy VII (que me sequestrou por 28 dias seguidos) e Biohazard estava o game de corrida. O jogo de Kazunori Yamauchi estava abandonado no fundo da caixa de sapatos. Nonatinho dizia que era difícil demais e todo em japonês. Mas resolvi experimentar mesmo assim. A abertura com aquela folhinha de bordo levada pelo vento e o nome da Polyphony Digital que fazia as vezes de mestre de cerimônia para a fascinante “Moon Over The Castle” foi o suficiente para olhar para o Nonato e dizer: Perdeu mané!
Após aquela apresentação maravilhosa, abria o game com garagem, um lista enorme de carros, possibilidade de configurações e trocas de peças, campeonatos e até mesmo exames de direção para habilitar novos desafios. Com o saldo reduzido, a grana dava para comprar um carro usado. A melhor opção (e até hoje ainda é) era começar com o Mitsubishi Cyborg (Colt). O carrinho era barato, e deixava um restinho de grana para trocar a central eletrônica e ganhar uns cavalinhos a mais. Além disso, com um carro mais comedido em desempenho, seus rivais iniciais também teriam desempenho parelho. Ou seja, era mais fácil faturar alguns trocados nas corridas livres. E de tostão em tostão dava para deixar o carrinho mais nervoso, para poder disputar as provas da Licença B.
Maldito Memory Card
Recordo até hoje que eu e meu primo mais velho, o Marcos, tomamos o PS One do Nonato e iniciamos uma maratona de Gran Turismo que varou a noite e só nos demos conta quando já era dia. Mas havia um problema, não tínhamos um Memory Card para salvar o jogo e a noite foi perdida. Depois disso, o game se tornou uma obsessão. Enquanto não terminasse todos campeonatos e não acumulasse todos os cerca de 180 carros não me daria por satisfeito.
Ficou faltando o conceito Dodge Copperhead, que não consegui de jeito nenhum! Mas tudo bem, o carro me dava mais tesão era o Mitsubishi GTO (3000 GT, no Brasil) que modifiquei para anormais 978 cv. Na pista oval ele chegava a 375 km/h, para saciar meu solitário orgulho. Mas não dava para competir com aquele carro, o motor custava a encher e quando ele deslanchava se tornava praticamente incontrolável.
Gran Turismo 2
Gran Turismo 2 foi um game que tive pouco contato, se comparado ao GT original. Naquela época os estudos não permitiam torrar horas atrás do joystick, mas mesmo assim o game era demais. A lista mais larga, com direito a modelos mundanos como Ford Ka e Renault Clio, que faziam que o game ocupasse dois CDs faziam dele um game ainda mais legal.
Mas não acabou sendo mal aproveitado e depois que o PS One pifou de vez, o sonho acabou. Lembro-me bem que arrumei um emulador de PS1 e consegui rodar o game, mas a qualidade era uma porcaria e havia atrasos nos comandos, o que me acabou fazendo perder a graça pelo game e dar mais atenção para Driver 2 e suas perseguições em Havana.
Gran Turismo 3: A-Spec
Esse passou batido em minha vida. No início dos anos 2000 ter um PS2 era algo relegado para quem tinha muita grana sobrando. Não havia comercialização formal do aparelho e seu preço era uma fortuna. Daí, colocar as mãos num Dualshock 2 era uma experiência quase utópica. Só conseguir jogar GT3, quando fui fazer uma matéria com cara que fazia tunning em BH e instalou um PS2 no painel de um Civic.
Depois de ouvir o sujeito, fazer as fotos do carro me sentei no banco passageiro e fiquei uma meia hora com o game. O entrevistado ficou um pouco puto, pois não dei muita bola para o Civic “farofa” dele. Mas aquela porcaria de jogo me fez reacender o tesão por Gran Turismo, Naquela época eu jogava muito GTR 2 no PC, que era incrível. Mas GT era minha cachaça e volta e meia recorria ao CD de Gran Turismo naquele emulador vagabundo.
Gran Turismo 4
A abstinência de Gran Turismo acabou quando fui presenteado com um PS2 (lá em 2008). Naquela época, eu já tinha uma coluna de games no Hoje em Dia, e um dos meus desejos platônicos era jogar Gran Turismo 4, que tinha sido publicado em 2005. Quando o aparelho chegou em casa, a primeira coisa que fiz foi comprar GT 4, ignorando totalmente as recomendações de que precisa jogar God of War, Black e Shadow of Colossus.
Gran Turismo 4 era um game fantástico, com uma lista gigantesca de carros, provas de rali e um montão de outras coisas legais. Além disso, tinha carros da RUF, como um quebra-galho para a ausência de Porsche (Odeio a EA por isso!). Mas tudo bem, poder correr com um Yellow Bird é sempre uma experiência gratificante.
Mas antes de chegar nesse patamar financeiro, o game tem início da mesma maneira que os demais. No entanto, a melhor opção para começar bem o game e fazer dinheiro rápido é com o Mitsubhishi (mais uma vez) Lancer Evolution (1992) que pode ser comprado na loja de usados a um preço bem sugestivo e depois trocar o filtro de admissão e central eletrônica para elevar a potência.
Duas dicas de ouro para quem quer construir uma garagem em pouco tempo é desbloquear a Alfa Romeo 155 V6 TI, na competição Festa Italiana. Mas antes disso, o lance era desbloquear o Toyota RSC Rally Raid Car, no rali de Capri. Depois disso era repetir a prova até os dedos sangrarem e vender os carros para comprar um Pagani Zonda e correr a maratona italiana no modo B-Spec (na condição de chefe de equipe) a acumular as alfas.
No entanto, um dos melhores carro para se preparar é o Subaru Impreza WRC STi Spec-C (2005). Esse carro bem ajustado com suspensão de competição, freios e preparação pesada do motor, faz dele um verdadeiro monstro, capaz de acelerar com muita brutalidade e devorar curvas como se tivesse andando sobre trilhos. É um carro imprescindível para quem quer abocanhar troféus no game e para quem quer se entregar a Nordscheleife.
Gran Turismo 5
Gran Turismo 5 só chegou ao PS3 em 2003 e o PS3 só entrou na minha vida em 2012. Não demorou muito para que a versão XL Edition fazer sua estreia no meu televisor e permitir que eu pudesse guiar com a visão de dentro do carro. Gran Turismo 5 XL Edition tinha um facilitador que tornava o game pouco desafiador no início da carreira. A versão continha um código que desbloqueava vários carros e isso tornava o jogo fácil, pois se perdia aquela graça de começar com um carrinho meia boca e ir caminhando pelo jogo. Além disso, o game também oferecia desafios on-line que pagavam grandes recompensas, daí era fácil comprar os carros preparar as máquinas.
No entanto, um dos recursos mais legais do jogo era o modo de edição de pistas. Apesar de estar longe ser uma ferramenta de total liberdade como no clássico Stunts, o editor permite criar circuitos próprios, com algumas limitações de criatividade. Em GT 5 um dos carros mais legais de se preparar é o BMW M3 E90, que permite um ótimo acerto e teima em desgarrar a traseira nas curvas. Um ponto negativo do game foi a exclusão do circuito misto de Sonoma (Infineon Raceway) era uma pista muito legal em GT 4, devido os grampo em alto de ladeira e outros trechos que demandavam atenção.
O game também trazia a oportunidade de correr com o Nissan GT-R, que era um automóvel incrível para se ter, pois aliava muito torque e tração integral, o que ajudava a sair das curvas com mais estabilidade. Outra máquina que vale a pena investir é Mercedes-Benz SLS AMG. A máquina da estrela de três pontas é um GT impecável, com ótimo balanço. Fica então a dica!
Gran Turismo 6
GT 6 entrou lá em casa no dia de seu lançamento em novembro de 2013, o game que traz conteúdo em homenagem a Ayrton Senna, evoluiu em elevar a lista de carros para mais de 1.200 opções (Mesmo que a maioria seja derivações do Mazda Miata e do Nissan Skyline). Poder correr com alguns dos carros que o tricampeão pilotou era algo incrível, ainda mais quando se podia testar a Lotus 97T em circuitos como Brands Hatch ou Silverstone.
Tal como o antecessor Gran Turismo 6 manteve as corridas on-line, assim como as categorias por habilitação, além de conteúdos legais como provas de subida da ladeira no Festival de Velocidade de Goodwood, e até mesmo pilotar o veículo lunar da Nasa no lado escuro da Lua. Mas o game teve perdas. A começar que a lojinha de usados deixou de existir, todos os carros devem ser comprados como novos, e consequentemente custam mais caro. A razão disso é o fato de a Polyphony Digital ter inserido um sistema de microtransação no game, em que o jogador compra créditos com dinheiro real.
Mas a dica é ficar atento nos desafios on-line, principalmente nas corridas de tempo de 450 pp (que são os pontos de performance dos carros). Volta e meia surge uma corrida boba e que pode pagar até 500 mil de prêmios e ajudar a rechear a garagem.
Com uma lista tão vasta, é difícil eleger os melhores carros para se jogar. De ante mão, é preciso saber que modelos de competição sempre são caríssimos. Daí é melhor optar por modelos de acordo com o tipo de tração para determinadas provas. Por exemplo, um carro coringa que custa pouco e se bem preparado se torna um monstro é a Alfa Romeo Brera. A tração integral é garantia de estabilidade e que você são verá sua traseira fazendo a curva antes dos faróis. Outro carro espetacular é o Toyota GT 86. O cupêzinho tem um acerto formidável, e não é preciso elevar o motor ao máximo não. Com um ganho de 20% de potência e um acerto cuidadoso da suspensão o carrinho se torna imbatível.
No entanto, um modelo que merece fazer parte de qualquer garagem é a Chevrolet El Camino. A picape old school é uma delícia, ainda mais quando se rebaixa a suspensão e eleva a carga dos amortecedores. Convém gastar uns 18 mil créditos na troca da caixa de duas para seis marchas. Dependendo da prova, se o circuito for muito travado, um ajuste relação para trocas mais curtas sempre deixará o motor cheio nas saídas de curva e ainda é possível curtir umas traseiradas. Vale gastar uma grana também em acessórios como tampa marítima e aerofólio para dar aquele ar de Nascar Truck Series.
Vision Gran Turismo
Outro recurso legal do game é a série Vision Gran Turismo, em que diversos fabricantes elaboraram conceitos exclusivos para o game. O primeiro carro era um Mercedes-Benz, o AMG Vision Gran Turismo. Trata-se de um cupê de capô imenso e sem para-brisas traseiro, que acelera de forma absurda. Volkswagen, Suzuki, Chevrolet, BMW, Mitsubishi, Aston Martins, dentre outros fabricantes também criaram carros para o jogo. O problema é que cada carro custa uma pequena fortuna de 1 milhão de créditos.
Bom Gran Turismo é algo que faz parte da minha vida. Tanto que o disco praticamente não sai de dentro do PS3 e derreto noites e noites montando carros, brincando de quebrar meus recordes pessoais em Nurburgring (7m06s) e outras molecagens solitárias. É um game que insisto em aplicar meu pequeno de seis anos, mesmo que ainda seja quase impossível para ele dominar os comandos.
Valeu Kazunori e que venha Gran Turismo Sports!
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