Marcelo Jabulas | @mjabulas – A Ubisoft acabou de publicar “Far Cry 6”, mas novo episódio da franquia. O game mantém a pegada de seus antecessores, que sempre embalam o jogador numa trama tirânica. Dessa vez, o vilão é Antón Castillo, um ditador interpretado pelo brilhante Giancarlo Esposito, o eterno Gus Fring de “Breaking Bad”.
“Far Cry 6” estreia com elementos recolhidos ao longo da franquia como o clima tropical dos primeiro e terceiro episódios. As curas dolorosas de “FC2”, assim como os bichos companheiros do quinto game e as gambiarras de “New Dawn”. Para quem é novo na franquia, isso não significa nada, mas para os veteranos, há um saudosismo.
A história do game se passa em Yara, uma nação formada em um arquipélago. Na década de 1960, o pai de Antón, Gabriel Castillo foi derrubado de seu governo, o que levou o país ao colapso econômico. A primeira vista parece ser uma caricatura da Cuba de Fulgêncio Batista tomada por Fidel Castro e Che Guevara.
Acontece que Antón assume o governo em 2014 e desenvolve uma droga a partir da folha do tabaco que promete curar o câncer. Depois de sete anos, ele decide escravizar cidadãos pobres para trabalhar no plantio da planta. E é nesse cenário que o game se desenrola.
No meio de tudo isso há Diego, o filho de Castillo, que durante os trailers e o início da trama se mostra como um personagem chave na história. Mas a grande entrada do moleque demora para acontecer.
Dani ou Dani?
O jogador encara o papel de Dani (que pode ser homem ou mulher). A Ubisoft sempre tem tido preocupação com a representatividade em seus games. Mesmo que seja um título de primeira pessoa, eles dão a liberdade de o jogador(a) escolher seu sexo no jogo. Dani se envolve na treta por ser um opositor do regime. Contar mais seria dar spoiler. Então vamos parar por aqui.
Quando se escolhe o personagem masculino, ele tem um estilo que remete ao lateral-direito, Leo Moura, por conta do corte de cabelo. Ele bem que merecia uma homenagem, pois jogava muito.
Gameplay
“Far Cry 6” segue a clássica cartilha da franquia. Como já foi mencionado, há elementos de diversos episódios da série. Basicamente, Dani deve cumprir incontáveis tarefas a serviço dos rebeldes. Roubos, invasões e sabotagens fazem parte da lista de afazeres.
Uma das tarefas é desmantelar os pontos de vigilância. Por toda ilha há postos de patrulha. Passar de carro por elas sempre termina com pneus furados. Assim, em toda viagem é preciso tentar driblar os militares ou detonar com a barreira . Esse tipo de posto lembra muito as patrulhas do vilão Vaas, de “Far Cry 3”. Com o local dominado, o caminho fica livre.
Animais
Assim como em “FC5”, o jogador tem o auxílio de bichos para em suas missões. São animais com habilidades específicas, chamados de “Parças”. O primeiro a aparecer é Guapo, um estranho jacaré de jaqueta que acompanha o jogador por onde quer que ele vá.
Mas o “tiro no pé” foi a inclusão de uma rinha de galo. A prática criminosa foi adicionada à trama para contextualizar a cultura de Yara. O minigame é uma espécie de “Street Fighter II” com os penosos. Mas a brincadeira não caiu bem e a organização ambiental norte-americana, People for the Ethical Treatment of Animals (Peta), exigiu a remoção do conteúdo do game.
Armas
“Far Cry 6” tem uma boa lista de armamentos. São itens que são desbloqueados no decorrer da campanha. Fuzis, escopetas, pistolas e metralhadoras fazem parte do arsenal. Mas o destaque fica por contra de o “Supremo”- uma mochila improvisada que dispara morteiros e demais artefatos.
Aliás, o improviso faz parte da trama, pois boa parte das melhorias são compostas por gambiarras, que são construídas com sucatas recolhidas. Afinal, os guerrilheiros lutam com o que têm nas mãos. O problema é que essas gambiarras nem sempre oferecem um elevado nível de precisão.
Além das melhorias de armamento, o jogador pode aprimorar sua indumentária. Dani começa a missão com roupas comuns. Afinal, a história começa numa confraternização no terraço de casa. Mas com o passar do game, o jogador adquire capacetes, calçados, calças, pulseiras e coletes que dão maior mobilidade e proteção.
Gráficos
Visualmente o game é lindo. Ele chega desenhado para a nova geração de consoles, com efeitos de iluminação impecáveis. No entanto, até mesmo no veterano PS4, o game impressiona pelo visual. Mas exige todo poder de foto do vovô, com momentos de queda de quadros por segundo (FPS), mas nada que comprometa a experiência.
Palavra Final
“Far Cry 6” é um game espetacular. Quem acompanha a franquia pode até criticar e dizer que muito do que se faz no game é o mesmo de seus antecessores. Mas é preciso entender que a franquia é uma das poucas produções de alto orçamento que se dedicam a campanhas longas e sem foco no multiplayer.