Marcelo Jabulas | @mjabulas – Quem acompanha esse espaço dedicado a games, no Caderno Plural, deve se lembrar de nosso texto sobre os 25 anos de “Duke Nukem 3D”. Game que ajudou a sedimentar os jogos de tiro em primeira pessoa. Agora voltamos para falar do trágico “Duke Nukem Forever”.
“Forever” chegou ao mercado em meados de 2011 para ser a sequência direta do game anterior. Tanto que foi anunciado em 1997, um ano após a publicação de “DN3D”.
O pessoal da 3D Realms ficou animado com a recepção do game e logo iniciou o desenvolvimento do sucessor. O problema é que o projeto nasceu com uma caveira de burro enterrada no estúdio.
Depois de arrastar por longos 14 anos, o game chegou em junho de 2011 para PC, PS3 e Xbox 360. Em 18 de agosto saiu a edição para Mac. E o resolutado foi bizarro.
Isso porque ele foi pensado com os olhos da década de 1990. Acontece que nesse período nasceram franquias como “Half-Life”, “Medal of Honor”, “Battlefield”, “Call of Duty”, “Halo”, “Killzone”, “Counter-Strike” e até mesmo “Doom” e “Wolfenstein” ganharam novos games. Assim, quando “Forever” estreou, já era um jogo velho.
Em 2014 o presidente da Take-Two, Strauss Zelnick, reconheceu que o título foi um grande erro. “Nossa empresa teve poucos fracassos, mas devo admitir que Duke Nukem Forever foi culpa de uma decisão equivocada que tomei”, afirmou, na época, durante um encontro com investidores.
O game
A história de “Duke Nukem Forever” se passa 12 anos após Duke salvar o mundo de uma invasão alienígena. O herói politicamente incorreto, cheio de “istas”, se tornou a bola da vez. Celebridade, Duke criou seu império com empresas, programa de televisão.
Escatológico, o game começa com Duke urinando num mictório de um vestiário de um time de futebol americano. O local funciona com base dos militares humanos. Se não bastasse ele ainda pode ir até o sanitário e recolher o “tubarão” e arremessá-lo. Sim, o jogador pode decorar o ambiente com aquele chucrute humano.
Depois de se deliciar com o vandalismo, o jogador finalmente entra em combate, com uma criatura gigantesca. A cena remete ao final de um dos episódios de game antecessor e na verdade é um videogame sobre as aventuras de Duke.
Logo após a introdução, ele aparece em sua mansão, que lembra o quarto de Tony Montana (Scarface). Em seguida surge uma jovem, com camisa desabotoada e que estava agachada. E não era para pegar algo que tinha caído no chão. A conotação sexual fez com que a classificação etária do jogo fosse elevada para M, que segundo o Entertainment Software Rating Board (ESRB), órgão norte-americano que verifica os conteúdos dos games, corresponde para maiores de 17 anos.
No entanto, novos alienígenas chegam à Terra, mas de forma pacífica. Duke é orientado a não apavorar os visitantes. Obediente, o herói se recolhe na Duke Cave, uma espécie de batcaverna com decoração de suíte de motel. Mas no sossego do lar, Duke é atacado pela horda extraterrestre e a pancadaria dá início.
Mas o que há de tão ruim no game? Pois é, games antigos fazem muito sucesso até hoje, e suas limitações técnicas não são vistas como demérito. Mas o problema é que “Duke” chegou se apresentando como uma produção moderna, mas que era um remendo do milênio passado.
Eu e Duke Nukem
Quando comprei o game, em 2012, já sabendo que seria dinheiro jogado fora (assim como fiz recentemente com “Cyberpunk 2077”, para PS4), não sabia que se tratava de um game tão ruim.
A jogabilidade é péssima, os comandos são falhos, o que torna a experiência extremamente irritante, pois o game não intuitivo. E para piorar, os gráficos nasceram datados.
Claro que perto de “Duke Nukem 3D” é nítida a melhora visual. Mas comparado com “Wolfenstein”, de 2009, era algo bizarro. E se o amigo colocasse do lado de “Call of Duty: Modern Warfare” (2007), certamente teria um acesso de fúria, pois era um game muito mal-acabado.
Jogar “Duke Nukem Forever” foi tão ruim, que depois de duas horas decidi excluir o arquivo de instalação do PS3. Hoje ele repousa debaixo da pilha de games. Mas o grande problema de quando a gente desenterra essas caveiras de burro, é que a curiosidade aflora.
E lá vou eu novamente me deixar iludir pelo bombadão da 3D Realms e desperdiçar meu tempo outra vez. Mas como ele é um game que demora uma eternidade para instalar, talvez eu desista no meio do caminho. Tomara.