Marcelo Jabulas – Há poucos dias a Bethesda liberou uma atualização para as versões originais de Doom e Doom II, que foram reeditadas para PC, PS4 e Xbox One. Trata-se de uma melhoria que permite rodar o game a 60 fps, assim como comandos e salvamento rápido e carregamento, sem a necessidade de sair para o menu. O pacote de melhoria ainda traz estágios criados por fãs. Uma delas, inclusive, foi desenhada pelo projetista do game, John Romero.
Logo após o anúncio, o pessoal da Bethesda enviou códigos dos dois games para que eu pudesse fazer uma avaliação para o Hoje em Dia. Afinal, Doom é um assunto quente neste início de ano. Doom Eternal chega ao mercado em 20 de março. Além disso, ele e Resident Evil 3 são as únicas grandes produções que não foram foram adiadas este ano.
Família unida
Deparar com Doom, Doom II, Doom 3 e Doom (2016) emparelhados na tela inicial do PS4 é quase que o flashback de uma vida. Quem acompanha o GameCoin sabe que tenho fascinação por Doom, assim como por Wolfenstein.
Quando vi o game pela primeira vez, foi em 1993, na casa de meu primo, o José. Ele tinha um 386 SX, que tinha acabado de receber um kit multimídia da Creative Labs, com placa Sound Blaster e um nervoso leitor CD-ROM de 2X. Para época era muita ostentação.
Mas o game chegou num caixa de disquetes compactadas em formato ARJ, vinda clandestinamente de uma birosca, no segundo andar do Edifício Arcângelo Maletta, entre rua da Bahia e avenida Augusto de Lima, em Belo Horizonte.
Admirável mundo novo
Acostumado com Wolfenstein 3D, ao ver Doom de perto, foi como alguém nos dias de hoje ligar uma TV 8K. O game era lindo, brutal, violento. A carranca de Doom Guy estava na barra inferior da tela, como a de B.J. Blazkowicz. Ela sangrava a medida que você sofria danos.
O herói começava sua jornada com uma simplória pistola automática. Mas se o jogador fosse matuto, poderia encontrar uma escopeta e o sadismo tomava conta da brincadeira. Naqueles dias radiantes de 1993 minha vida se resumia a jogar Doom e prestar merecidas homenagens às coelhinhas do finado periódico da Editora Abril, que comprava na moita, numa banca perto de casa.
Flashback
Ao iniciar o game, toda aquela lembrança veio à mente. Inclusive aquelas páginas imortais. Mas hoje, os tempos são outros e logo fui aplicar meu moleque em Doom. Com 9 anos, achei que ele iria achar o game um tanto caótico, assustador.
Mas ele resumiu Doom com uma singela frase: “Parece Minecraft, mas com arma!” Só mesmo a mente brilhante de uma criança para dar uma definição tão perfeita de um game dos anos 1990, mesmo que seja um banho de água fria.
Speed run
Mesmo assim, numa sentada, detonamos todo o primeiro mapa. Em meia hora tínhamos liquidado a fatura. Impressionante com a memória da gente ativa lembranças antigas. Sabia com exatidão as passagens secretas, onde encontrar a escopeta. Desbravamos a caótica fase criada por Romero.
Ao final, perguntei: “Curtiu?”. Ele acenou que sim com a cabeça e me disse: “Legal, mas vamos jogar GTA papai!” Bom, melhor eu nem tentar explicar para (quando for apropriado) a dinâmica da puberdade nos anos noventa.