Marcelo Jabulas | @mjabulas – Foi na cidade de Itacarambi, no Norte de Minas, que joguei “Double Dragon” pela primeira vez, na versão para Master System. O game que estreou 22 de abril de 1987, chega aos 35 anos como o grande protagonista da popularização do Beat ‘em up.
“Double Dragon”, não apenas comprovou que games cooperativos eram mais rentáveis nas máquinas de fliper, como também tinha muito apelo no mercado de consolese domésticos. A Taito sabia que o mercado não aceitava mais games como “Space Invaders” e que precisa evoluir. “Double Dragon” era o projeto capaz de agradar a molecada em casa e os jovens nos fliperamas.
A produção do game ficou a cargo da Technos Japan, e em 22 de abril de 1987 o título foi lançado para fliperamas. Era um game moderno de luta e com cenários caprichados, que destoava da maioria dos arcades da época. Não demorou muito para chamar a atenção também da Sega e da Nintendo.
Elas também queriam “Double Dragon” no Master System e no Nintendinho. A história do game é clichê: dois irmãos se unem para salvar a namorada de um deles. Ela foi raptada por um chefe de gangue e cabe a Billy Lee e seu irmão Jimmy detonar com a bandidagem.
Pioneiro
Fato é que o game não foi o precursor do estilo Beat ‘em Up (game em que é preciso derrotar rivais e avançar pelo caminho). A primazia coube a “Kung Fu Master”, em 1984. Mas foi “Renegade” (1986), da própria Technos, que adicionou movimentação em profundidade, permitindo que o jogador se deslocasse para as direções vertical e horizontal.
O game foi desenvolvido por Yoshihisa Kishimoto. O designer se inspirou na delinquência juvenil que vivenciou no ensino médio. No entanto, era um game horrível e com jogabilidade péssima. Mas a movimentação multidirecional tinha potencial.
“Double Dragon”, no entanto, surgia como uma edição melhorada de “Renegade”. Com jogabilidade refinada e gráficos bem desenhados. Foi o game que definiu o gênero que posteriormente seria explorado por títulos como “Final Fight” e “Golden Axe”, assim como produções modernas como “Mother Russia Bleeds”.
Todos seguiam o mesmo princípio básico do game da Taito: derrotar oponentes no braço. Nos combates, o jogador não tem um botão para salto. Um botão para soco e outro para chute. Mas quando se pressiona os dois, ele aplica uma voadora.
Billy Lee e Jimmy também podem segurar o oponente para golpeá-lo. Chicotes e tacos também podem ser utilizados para vencer os inimigos. Assim como tambores de metal. Na briga de rua vale tudo.
Double Dragon nos consoles
Em 1988 chegaram as edições de Nintendinho e Master System, o que fez o game se tornar um fenômeno. Simples e intuitivo, a molecada não demorava para pegar o jeito. A edição para NES (foto em detalhe) seguia o mesmo conceito, mas com cenários e roteiros diferentes do original.
Já a versão do 8 bits da Sega (foto) era fiel ao arcade, com direito ao cenário inicial com um Pontiac Firebird estacionado numa garagem. Era simplesmente lindo. O game ainda trouxe personagens que viraram ícones da cultura pop como o grandalhão Abobo.
Esse inimigo anabolizado persegue Billy Lee e Jimmy durante todo o game. Abobo chegou a ganhar um game próprio. Uma produção independente lançada em 2012, produzida em Flash. Basicamente, ele coloca o jogador no comando do grandalhão nos cenários de “Double Dragon”.
Abobo também roubou a cena no longa-metragem “Double Dragon”, de 1994. No filme o vilão é uma criatura caricata e imbecilizada. Trata-se de um filme tão ruim quanto “Super Mario Bros”, daqueles que a gente poderia ter a opção de “desver”, com todo perdão a Aurélio Buarque de Holanda.
Depois de 35 anos, “Double Dragon” é apontado como um dos grandes títulos da história dos videogames. Ele definiu uma escola de games de luta que teve seu apogeu no início dos anos 1990, com produções como “Captain Commando”, “The Punisher”, “Alien vs Predator”, “Captain America and the Avengers”, “Dungeon & Dragons”, além do clássico “Cadillacs And Dinosaurs”. Um game referência como “Doom” foi para o FPS e “God of War” para o hack & slash. Um clássico.